Tudo sobre a Mastite

  1. Conceito

         A Mastite bovina ou mamite caracteriza-se pela inflamação da glândula mamária, representa um dos principais problemas para a bovinocultura leiteira, devido aos severos prejuízos econômicos que acarreta. Envolve diversos patógenos, o ambiente e fatores inerentes ao animal, levando a perdas econômicas pela diminuição na produção e na qualidade do leite, à elevação dos custos com mão-de-obra, medicamentos e serviços veterinários, além de descarte precoce de animais. É importante ressaltar a importância da mastite, no que se refere à saúde pública, devido ao envolvimento de bactérias patogênicas que podem colocar em risco a saúde humana e problemas na indústrias de laticínios. Um dos grandes problemas da mastite no rebanho é a sua prevalência silenciosa, ou seja, subclínica, determinando perdas de até 70%, enquanto 30% devem-se à mastite clínica (Santos, 2001). A prevalência da mastite está relacionada, principalmente, ao manejo antes, durante e após a ordenha.

              A mamite, faz alterações na composição do leite, tais como aumento na CCS (Contagem de Células Somáticas)  e alterações nos teores de caseína, cálcio, gordura e lactose.

              A mastite pode ser causada por injúria química, mecânica ou infecção microbiológica, sendo esta última, a mais comum. As consequências dessa patologia são alterações nas propriedades físico-químicas do leite e no parênquima glandular, podendo estar presente em qualquer glândula mamária funcional. Existem duas formas de apresentação, que se denominam mastite clínica, quando as alterações são visíveis macroscopicamente e mastite subclínica, quando as alterações não são visíveis a olho nu (Fonseca & Santos, 2000; Dias, 2007).

      2.1 Mastite clínica

           Causas:

  1. Ambientais – Esterco, barro, agua contaminada por coliformes, cama orgânica
  2. Mecânicas – Ordenha mal executada, muito tempo para retirar a ordenhadeira ou ordenha não completada, limpeza inadequada dos equipamentos de ordenha.
  3. Contagiosa – Ordenhador sem higiene, uso de toalhas e esponjas de múltiplo uso.

contatos de animais infectados com outros, bezerros, etc.

            Formas:

  1. Superaguda – É a infecçao severa da mastite, causado por agentes ambientais do grupo dos coliformes.
  2. .Aguda – Sinais presentes mas discretos, e evolução lenta.
  3. Subaguda – No teste da caneca presença de grumos e os sinais inflamatórios não chama a atenção.
  4. Crônica – Infecção persistente do úbere, que pode durar dias, meses ou anos, podendo ocorrer a morte dos tecidos dos quartos mamários atingidos transformando-os em improdutivos.
  5. Gangregosa – O quarto atingindo apresenta-se frio, úmido, com gotejamento constante com leve sinais de sangue.

             Sintomas:

  1. Falta de apetite
  2. Inchaço e vermelhidão no quarto mamário afetado
  3. Leite com coágulos ou pus alterando as suas caracteristicas
  4. Redução na produção de leite
  5. Febre
  6. Endurecimento no quarto mamário afetado
  7. Dor no quarto mamário afetado.
  8. Debilidade física: fraqueza, abatimento, moleza
  9. Outros

             2.2   Mastite subclínica                     

                     Por não apresentar sinais visíveis e passar despercebida pelos proprietários e pelos empregados, a mastite subclínica pode alastrar-se pelo rebanho.

                     Nesse tipo de mastite, não existem sinais evidentes da doença, não sendo possível diagnosticá-la sem a utilização de testes. O sinal clássico da mastite subclínica é a elevação da CCS, que pode ser mensurada direta ou indiretamente por meio dos testes California Mastitis Test (CMT), Wisconsin Mastitis Test (WMT) ou pela contagem eletrônica de células somáticas (CECS). O CMTé um teste que pode ser feito na hora da ordenha, possibilitando a detecção de vacas com a doença subclínica. Os primeiros jatos de cada teto devem ser colocados numa placa especial, na qual é adicionado o reagente específico para o teste. Por meio de agitação da placa e pela coloração e o aspecto que a mistura adquirir (leite mais reagente), pode-se saber se há ou não presença de infecção. O método eletrônico para CCS apresenta uma série de vantagens em relação aos outros métodos, como CMT e WMT. O procedimento eletrônico para CCS pode ser automatizado, possibilitando maior rapidez e precisão dos resultados. Outra vantagem seria a possibilidade de conservar as amostras em temperatura ambiente e enviá-las, via correio, para um laboratório e, dessa forma, os resultados de vários rebanhos podem ser comparados. Segundo Fonseca & Santos (2000), o WMT é um teste que aprimora o CMT, realizado em um tubo graduado, com a finalidade de eliminar a subjetividade da interpretação dos resultados do CMT.

                    2.3 Mastite contagiosa e mastite ambiental

                    2.3.1 Agentes das mastites contagiosas

       São os microrganismos parasitas que são transmitidos através dos quartos mamários infeccionados para outros animais por ação de contato, que pode ser ordenhador, bezerro, teteiras, panos para limpeza de multiuso, etc.

        A mastite contagiosa é responsável pela maior parte dos casos de mastite subclínica

                    2.3.2 Agentes das mastites ambientais

      São as bactérias que estão presentes em várias fontes do ambiente da fazenda como água contaminada, esterco, barro, cama orgânica, nos animais, no homem, na ordenhadeira. a mastite ambiental é responsável pela maior parte dos casos de mastite clínica.

       A transmissão se faz do local do ambiente para a glândula mamária e a época mais propícia é no período chuvoso, acontece nas fêmeas pós-parto.

           3. CONTROLE E PREVENÇÃO DA MASTITE

                    3.1 Mastite contagiosa

            O controle deve seguir os procedimentos abaixo:

  1. Diminuir a exposição das tetas aos patógenos
  2. Aumentar a imunologia dos animais
  3. Medicamentos
  4. Monitorar a CCS no tanque, o ideal é que não ultrapasse 200.000 células/ml

                  3.2 Mastite ambiental

     Manter um rígido controle higiênico-sanitário da parte física de permanência dos animais.

         4. Ordenha

                                         4.1 – Procedimentos  

“Lembrar de usar somente toalhas descartáveis e o ordenhador deve ter o máximo de higiene pessoal e com a partes envolvidas com o equipamento e nunca esquecer de que de um animal para outro o ordenhador deve desinfetar as mãos.”

  1. Limpeza dos tetos – Na ordenha esta é a tarefa mais enjoada, pois os tetos podem chegar sujos, se isso acontecer lavar os tetos com agua misturada com desinfetante, e o mais importante, ao lavar os tetos não deixar molhar o úbere inteiro somente os tetos, porque se molhar para cima durante a ordenha a agua que não conseguiu secar ela escorrera e contaminara as teteiras dando problema no leite.
  2. Secar bem os tetos, para depois fazer o pré-dipping
  3. Desinfecção dos tetos antes (pré-dipping).
  4. Massagem para estimular a ejeção do leite
  5. Extração rápida do leite
  6. Desinfecção após ordenha (pós-dipping).
  7. Se possível deve fazer os animais permanecerem em pé após a ordenha, pois o esfíncter (orifício) do teto não esta completamente fechado, para acontecer isso deve alimentar os animais pós-ordenha. denha.

                                        4.2 – Linha de Ordenha

 Para montar uma linha de ordenha, usar um profissional capacitado para essa prática, e seguir o procedimento abaixo:

  1. Ordenhar primeiro as vacas Prímipiras que nunca tiveram mastites.
  2. Vacas Multípiras que nunca tiveram mastites.
  3. Vacas que tiveram mastites e foram curadas
  4. Vacas com mastites subclínicas.
  5. Por último ordenhar as vacas com mastites clinicas e descartar o leite.

                                         4.3 – Pré-dipping

                          O pré-dipping é um método eficaz no controle da mastite ambiental, embora apresente alguma eficácia no controle da mastite contagiosa.

                                          4.4 – Pós-Dipping

                                 È desinfecção pós ordenha                          

                           Para fazer o Pré-dipping e o Pós-Dipping, imergir dois terços dos tetos com a solução desinfetante com canecas próprias a esse fim, as boas são as que não retornam o liquido para o deposito.

                                         4.5 Cuidados do ordenhador

                              Qualificação do Ordenhador com treinamento, motivação e práticas de higiene pessoal e dos equipamentos.

        5. Ordenhadeira

                      É o equipamento essencial em ordenha onde funciona de duas a três vezes por dia, todos os dias do ano, sem interrupções, sendo o único equipamento que entra em contato direto com a glândula mamária, então é ela que faz a transferência de microrganismos nocivos entre os animais. Para o uso da ordenhadeira deve seguir as regras:

                                  A – Higienização e a sanitização, após cada ordenha do equipamento completo.

                                  B – Regular corretamente o nível de vácuo, para que a ordenha ocorra numa velocidade sem excesso e nem numa velocidade muito baixa.

                                  C – As teteiras possui um tempo de vida é necessário trocá-las periodicamente.

                                  D – Fazer o possível a higienização do conjunto de teteiras ao transferir de um animal a outro

                                  C – Manutenção periódica nos pulsadores.                                    

       6.   Procedimentos recomendados para a prevenção e o controle da mastite.

  1. Manter o rebanho sadio
  2.  Adotar práticas higiênico-sanitárias e sanitização antes, durante e após a ordenha, bem como o pré-dipping e o pós-dipping.
  3. Controle sanitário dos locais de permanência dos animais (alojamento de vacas secas e novilhas próximas ao parto, maternidade, alojamento).
  4. Evitar lesões no úbere e tetos (condições apropriadas no alojamento e de cama para as vacas).
  5.  Utilização correta dos equipamentos e ordenhadeira mecânica.
  6. Adotar o tratamento para as vacas secas com antibiótico adequado, tratar imediatamente as mastites clínicas.
  7.  Atenção para não introduzir animais infectados no rebanho (vacas e novilhas)
  8.  Enfatizar o papel do ordenhador.
  9.  Registrar os dados sobre a saúde do rebanho (por meio da determinação da CCS, CMT ou outro método), pelo menos uma vez ao mês.
  10. Anotar todos os casos clínicos, para se obter um histórico de cada animal.
  11.  Aumento da resistência imunológica da vaca: a nutrição é uma opção comprovadamente eficaz, balanceando os nutrientes, tais como energia e proteína.
  12.  Análise microbiológica do leite: 20% das vacas com maior CCS para análise do perfil das bactérias causadoras de mastite no rebanho.
  13. Descartar as vacas com mastite crônica resistentes.
  14.  O uso de antibióticos deve ser criterioso para o tratamento de mastite ou qualquer outra doença, para não deixar resíduos no leite, pois prejudica a saúde humana e as indústrias lácteas, lembrar de fazer o descarte do leite durante o período de tratamento.

        7.    Manejo de vacas secas

                   Esse manejo é essencial seguir um critério rigoroso, pois a secagem de vacas incorreto pode trazer problemas no próximo parto, principalmente a mastite, por isso é imprescindível a orientação de um técnico capacitado porque cada rebanho deve ter um manejo diferente, nem todos são iguais.

        8. Monitoramento dos índices de mastite no rebanho

                    Vários métodos podem ser empregados para o monitoramento da mastite clínica e subclínica. A detecção da mastite clínica é possível por meio da palpação da glândula mamária, e outros já ditos acima e aspecto do leite. Já na mastite subclínica, são necessários testes auxiliares, tais como CCS, CMT e WMT ou exames microbiológicos realizados por laboratórios especializados.

                                 8.1 Contagem de células somáticas (CCS)

                       A CCS no leite é o monitoramento para a presença de mastite.

É certo que quanto menor a CCS maior qualidade do leite e também dizer que os animais estão sadios.                           

 Referência

Boletim Técnico – n.º 93 – p. 1-30 ano 2012 Lavras/MG GOVERNO DO BRASIL

Chemitec Agro-Veterinaria- Tratamento para mastite bovina.

Luciano Bastos Lopes- Embrapa- Doutor em Ciência Animal

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